Eliana – É imperativo ser feliz
Eliana nunca quis ser vista pelos que a
rodeavam como uma "coitadinha". Como ela própria disse, quis antes
que esta fase fosse como que um "grito de Ipiranga",
que a levasse a aproveitar a
vida a cem por cento.
E diz ainda algo tão incrível, como isto:
“não encaro o cancro como uma coisa má, mas como uma lição de vida. Temos de
reaprender a viver.
Seja o tempo que for que ainda
tenho pela frente, é imperativo ser feliz”.
Está
tudo dito, aqui está expressa a força e a determinação desta jovem mãe.
Através
da rede social - Facebook
- Eliana
foi fazendo ao longo deste tempo, uma espécie de diário das suas conquistas e
das suas vitórias, nesta luta travada com o cancro.
Quis,
através deste veículo, enviar uma mensagem de força a quem se possa encontrar
na mesma situação.
Aconselha
assim todas as mulheres e homens que se deparam com esta doença, a fazerem-se
rodear
das pessoas que mais amam, para nesse amor irem buscar forças para enfrentar a
doença.
Catarina
– Gestos de amor
“Naquela tarde infinita, lembro-me
como se fosse hoje, dia
mais horrível da minha vida, depois de tentativas constantes de acalmar o meu
menino e de lhe ministrar, por duas vezes anestesia, sempre, mas sempre com um
sorrisinho meigo para mim, lá fomos nós para a primeira das muitas TAC que fez.
O resultado ficou, para mim, dito quando olhei para a cara dos auxiliares,
quando pediram para voltar a repetir a TAC. Nesses segundos, tudo me doeu ou
nada. Nem uma lágrima soltei. Contive-me até aguardar a conversa, após umas
horas, com a médica que estava a acompanhar o caso, desde que entramos.
O Ricardo tem um
tumor cerebral!
Fiquei aflita e sem fôlego: Oh
doutora que tipo de tumor? Há tratamento? Salva-se, o meu menino?
Irão ser encaminhados para o
Hospital D. Estefânia onde há lá um excelente médico de neurologia que vos acompanhará,
foi-me dito.
E é urgente pois o menino tem de ser operado já porque tem hidrocefalia, (de
forma genérica, é a acumulação de líquido dentro do crânio), que por
sua vez, faz aumentar a pressão intracraniana sobre o cérebro podendo vir a
causar lesões no tecido cerebral, com o aumento e inchaço do crânio.
Todos
aqueles termos invadiram-me, na minha inquietação e senti que a vida terminava,
ou começava ali”.
A
criança foi então de imediato encaminhada para o Hospital de D. Estefânia, pois
já se encontrava com uma encefalia com proporções grandes. O pequeno Ricardo
foi sujeito a uma intervenção cirúrgica que teve a duração de vinte horas.
Vinte longas horas para um coração de mãe completamente destroçado.
Terminada
esta intervenção viria a verificar-se que a criança ficou debilitada na
deglutição e na respiração, pelo que foi sujeita a nova cirurgia, tendo feito
uma Traqueostomia, (a traqueostomia é um dos recursos que podem ser usados para
facilitar a chegada de ar aos pulmões quando existe alguma obstrução no trajeto natural).
No
IPO, em Lisboa, seguiram-se dezoito longos e dolorosos tratamentos de
quimioterapia.
«Mas que quimioterapia aplicar num ser
tão pequenino e frágil? Pergunta essa que fiz inúmeras vezes ao longo de todo o
percurso daqueles terríveis 15 meses. No meu silêncio e solidão, daqueles
quartos por onde passámos os dois, senti dúvidas e certezas, medo e coragem,
tristeza e alegria, esperança e sentimentos de batalha perdida. Sentimentos
opostos
nas minhas lágrimas e nos seus sorrisos de conforto que ele me dava. A força
que ele teve dava-me alento...”,
partilha esta jovem mãe num sofrimento indescritível.
Patrícia – Um amor imenso
No
dia 28 de fevereiro, encontrei uma partilha sua, na rede social facebook
que me emocionou e pela sua grandeza merece aqui ser apresentada.
“Porque vivo o momento...
Porque
não me importo com mais nada a não ser estar bem e feliz... sem pensar no
amanhã... pois na verdade, sei que esse mesmo amanhã pode não vir a existir...
Porque deixei de fazer planos...
Porque me preocupo em
amar e ser amada sem esperar
nada
em troca... de estar e viver momentos felizes com quem me rodeia e me quer
bem...
Porque
basta o meu sorriso para saber que o dia me corre bem... a mim e a quem me
rodeia...
Porque
mesmo sofrendo desta forma injusta, sei que nada acontece por mero acaso...
Amo
o ser em que me tornei... ai se amo pá... se o bonito me encanta, o sincero me
fascina...
Amo
a coragem que tenho dentro de mim, pois quando se perde o medo, o tempo fica a
nosso favor... e nada há a temer... sabem do que vos falo...
E
amigos... um desabafo... se aqui a carequinha partisse hoje, iria muito feliz
pois toda esta dor que JUNTOS temos vivido fez-nos crescer tanto, adquirir
valores e princípios que me enchem a alma... esta nossa união inexplicável...
que maravilha é viver assim em paz...
Sabem
que lutarei até ao fim e sempre com este sorriso... vocês sabem como é aqui a
PATY mas... sei muito bem... mas mesmo muito bem... que irei estar sempre em
todos vós aconteça o que acontecer... e nem sabem o quanto isso me deixa
feliz... saber que deixo em todos vós tanto de mim.
Obrigada
por fazerem parte de mim.”
E
eu, ousando incluir-me nos
teus amigos, é que agradeço à Patrícia pelo extraordinário testemunho.
Obrigada
pelo exemplo, pela tarde de inverno aquecida relas tuas palavras, pelo sorriso!
O sorriso com que
contagias os que contigo privam. Obrigada por essa garra e
amor à vida.
Teresa – Amar a vida com todas as forças
Sem um
único cabelo no corpo e nas suas palavras, completamente disforme, nunca se
isolou nem se fechou em casa. Todos os dias ia à rua fazer o seu passeio e ao
café dar dois dedos de conversa.
Para sair usava um lenço na
cabeça, mas apenas para não chocar as pessoas, pois nunca sentiu vergonha da
doença e mesmo nas piores fases, nunca deixou de ser vaidosa com a sua
aparência, e tinha o cuidado de fazer condizer os lenços da cabeça com a roupa que
usava.
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