quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Luta contra o cancro - testemunhos

Eliana – É imperativo ser feliz

Eliana nunca quis ser vista pelos que a rodeavam como uma "coitadinha". Como ela própria disse, quis antes que esta fase fosse como que um "grito de Ipiranga", que a levasse a aproveitar a vida a cem por cento.
E diz ainda algo tão incrível, como isto: “não encaro o cancro como uma coisa má, mas como uma lição de vida. Temos de reaprender a viver.
Seja o tempo que for que ainda tenho pela frente, é imperativo ser feliz”.
Está tudo dito, aqui está expressa a força e a determinação desta jovem mãe.
Através da rede social - Facebook - Eliana foi fazendo ao longo deste tempo, uma espécie de diário das suas conquistas e das suas vitórias, nesta luta travada com o cancro.
Quis, através deste veículo, enviar uma mensagem de força a quem se possa encontrar na mesma situação.
Aconselha assim todas as mulheres e homens que se deparam com esta doença, a fazerem-se rodear das pessoas que mais amam, para nesse amor irem buscar forças para enfrentar a doença.

Catarina – Gestos de amor

“Naquela tarde infinita, lembro-me como se fosse hoje, dia mais horrível da minha vida, depois de tentativas constantes de acalmar o meu menino e de lhe ministrar, por duas vezes anestesia, sempre, mas sempre com um sorrisinho meigo para mim, lá fomos nós para a primeira das muitas TAC que fez. O resultado ficou, para mim, dito quando olhei para a cara dos auxiliares, quando pediram para voltar a repetir a TAC. Nesses segundos, tudo me doeu ou nada. Nem uma lágrima soltei. Contive-me até aguardar a conversa, após umas horas, com a médica que estava a acompanhar o caso, desde que entramos.
O Ricardo tem um tumor cerebral!
Fiquei aflita e sem fôlego: Oh doutora que tipo de tumor? Há tratamento? Salva-se, o meu menino?
Irão ser encaminhados para o Hospital D. Estefânia onde há lá um excelente médico de neurologia que vos acompanhará, foi-me dito. E é urgente pois o menino tem de ser operado já porque tem hidrocefalia, (de forma genérica, é a acumulação de líquido dentro do crânio), que por sua vez, faz aumentar a pressão intracraniana sobre o cérebro podendo vir a causar lesões no tecido cerebral, com o aumento e inchaço do crânio.
Todos aqueles termos invadiram-me, na minha inquietação e senti que a vida terminava, ou começava ali”.
A criança foi então de imediato encaminhada para o Hospital de D. Estefânia, pois já se encontrava com uma encefalia com proporções grandes. O pequeno Ricardo foi sujeito a uma intervenção cirúrgica que teve a duração de vinte horas. Vinte longas horas para um coração de mãe completamente destroçado.
Terminada esta intervenção viria a verificar-se que a criança ficou debilitada na deglutição e na respiração, pelo que foi sujeita a nova cirurgia, tendo feito uma Traqueostomia, (a traqueostomia é um dos recursos que podem ser usados para facilitar a chegada de ar aos pulmões quando existe alguma obstrução no trajeto natural).
No IPO, em Lisboa, seguiram-se dezoito longos e dolorosos tratamentos de quimioterapia.
«Mas que quimioterapia aplicar num ser tão pequenino e frágil? Pergunta essa que fiz inúmeras vezes ao longo de todo o percurso daqueles terríveis 15 meses. No meu silêncio e solidão, daqueles quartos por onde passámos os dois, senti dúvidas e certezas, medo e coragem, tristeza e alegria, esperança e sentimentos de batalha perdida. Sentimentos opostos nas minhas lágrimas e nos seus sorrisos de conforto que ele me dava. A força que ele teve dava-me alento...”, partilha esta jovem mãe num sofrimento indescritível.
Patrícia – Um amor imenso
No dia 28 de fevereiro, encontrei uma partilha sua, na rede social facebook que me emocionou e pela sua grandeza merece aqui ser apresentada.
“Porque vivo o momento...
Porque não me importo com mais nada a não ser estar bem e feliz... sem pensar no amanhã... pois na verdade, sei que esse mesmo amanhã pode não vir a existir...
Porque deixei de fazer planos...
Porque me preocupo em amar e ser amada sem esperar
nada em troca... de estar e viver momentos felizes com quem me rodeia e me quer bem...
Porque basta o meu sorriso para saber que o dia me corre bem... a mim e a quem me rodeia...
Porque mesmo sofrendo desta forma injusta, sei que nada acontece por mero acaso...
Amo o ser em que me tornei... ai se amo pá... se o bonito me encanta, o sincero me fascina...
Amo a coragem que tenho dentro de mim, pois quando se perde o medo, o tempo fica a nosso favor... e nada há a temer... sabem do que vos falo...
E amigos... um desabafo... se aqui a carequinha partisse hoje, iria muito feliz pois toda esta dor que JUNTOS temos vivido fez-nos crescer tanto, adquirir valores e princípios que me enchem a alma... esta nossa união inexplicável... que maravilha é viver assim em paz...
Sabem que lutarei até ao fim e sempre com este sorriso... vocês sabem como é aqui a PATY mas... sei muito bem... mas mesmo muito bem... que irei estar sempre em todos vós aconteça o que acontecer... e nem sabem o quanto isso me deixa feliz... saber que deixo em todos vós tanto de mim.
Obrigada por fazerem parte de mim.”
E eu, ousando incluir-me nos teus amigos, é que agradeço à Patrícia pelo extraordinário testemunho.
Obrigada pelo exemplo, pela tarde de inverno aquecida relas tuas palavras, pelo sorriso! O sorriso com que
contagias os que contigo privam. Obrigada por essa garra e amor à vida. 

Teresa – Amar a vida com todas as forças

Sem um único cabelo no corpo e nas suas palavras, completamente disforme, nunca se isolou nem se fechou em casa. Todos os dias ia à rua fazer o seu passeio e ao café dar dois dedos de conversa.
Para sair usava um lenço na cabeça, mas apenas para não chocar as pessoas, pois nunca sentiu vergonha da doen­ça e mesmo nas piores fases, nunca deixou de ser vaidosa com a sua aparência, e tinha o cuidado de fazer condizer os lenços da cabeça com a roupa que usava. 

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