TEXTOS
Há doenças piores que
as doenças
Há
doenças piores que as doenças,
Há
dores que não doem, nem na alma
Mas
que são dolorosas mais que as outras.
Há
angústias sonhadas mais reais
Que
as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas
só com imaginá-las
Que
são mais nossas do que a própria vida.
Há
tanta cousa que, sem existir,
Existe,
existe demoradamente,
E
demoradamente é nossa e nós...
Por
sobre o verde turvo do amplo rio
Os
circunflexos brancos das gaivotas...
Por
sobre a alma o adejar inútil
Do
que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me
mais vinho, porque a vida é nada
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa
"E de novo acredito que nada do que é importante
se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas,
dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os
amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.
Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
Miguel Sousa Tavares
Miguel Esteves Cardoso
Excerto do texto "O último abraço que me dás"
"(...) porque não aceito a aceitação, porque não aceito a crueldade, porque não aceito que destruam companheiros. A rapariga com a peruca no braço da cadeira. O senhor que não olhava para ninguém, olhava para o vazio. Ali, na sala de quimioterapia, jamais escutei um gemido, jamais vi uma lágrima. Somente feições sérias, de uma seriedade que não topei em mais parte alguma, rostos com o mundo inteiro em cada prega, traços esculpidos a fogo na pele. (...)"
António Lobo Antunes
>> Leia todo o texto - numa publicação da revista Visão
António Lobo Antunes
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Texto escrito por uma aluna
Multiplicação de células: o que nos
faz existir, o que nos faz crescer e por vezes, o que nos faz desaparecer.
Cancro. A palavra cujo significado tanto pode ser “fim” como “recomeço”.
Cancro. A palavra de seis letras que quando dita em voz alta até o sexto
sentido dos habitantes de todos os seis continentes estremece. Algo que tanto
nos une como nos separa.
Um tópico tão forte que nada
torná-lo-à banal para além do desenvolvimento da ciência e da medicina quando
esta tornar o tratamento de tal doença tão fácil e eficaz como o tratamento de
uma simples constipação. Afinal, os nossos antepassados temiam uma dor de
garganta como tememos hoje um quisto no peito ou um sinal que aparenta estar a
aumentar, logo o mais lógico seria mesmo a evolução da medicina nesse caminho.
E até ao dragão que é o cancro se
tornar numa simples lagartixa, permaneceremos unidos como um todo.
Catarina Tomás 10º A
TESTEMUNHOS
“A 13 de Novembro, quando o meu chão se abriu debaixo dos pés
partilhei que ia fazer parte do grupo de Mulheres guerreiras que ganharam ao
cancro. E desde esse dia, tornei-me “responsável” por pelo menos três vidas
além da minha, que fizeram um diagnóstico precoce e estão neste momento a
caminho da cura, como eu. Troquei mensagens de apoio, desabafos sinceros, que
por vezes não confessavam aos próprios familiares e maridos…Ou simples palavras
de amor. Mulheres e miúdas como eu, que tantas vezes ilustraram os meus posts,
com as suas carequinhas de super mulheres! Encontrei nelas e elas em mim,
alguma forma de motivação e esperança.
E se hoje o
desfecho não fosse este?!
Se não fosse este, todo o amor que senti, tudo isto, já foi mais
que suficiente para acalmar o coração e mostrar o propósito de certas coisas na
nossa vida.
Obrigada é pouco, a todos os que me cuidaram, confiaram e torceram
por mim!
Aos 20 anos achamos que somos invencíveis e que abusar do nosso
corpo significa viver intensamente. Posso afirmar com toda a certeza que
estamos redondamente enganados.
Viver intensamente nada tem a ver com submeter o corpo a riscos
desnecessários.
Viver intensamente é sobre Amor, Amigos, viagens, gargalhadas e
banhos de mar!
O resto é a nossa negligência disfarçada de intensidade. De
felicidade vazia.
Nove meses se passaram e digo-vos amigos no auge da beleza, saúde
e juventude! …: Vocês não são invencíveis. Cuida-te, tem respeito por ti! Faz
os teus exames de rotina independentemente da idade que tens.
Não adies a contar que não vai acontecer contigo! Entrei nesta
luta para ganhar mas se tivesse deixado para mais tarde, hoje talvez ela
estivesse perdida!… Mas não está!!!!!”
Testemunho
de Sofia Ribeiro
16 anos – 2016
Olá! O meu testemunho não tem um final feliz mas por essa trajetória
que a minha mãe percorreu traz muita inspiração.
Estávamos a chegar de ferias e, à
saída do avião, foi onde tudo começou, onde se deu o primeiro sinal. Os dias
foram passando e as dores e a incapacidade dos movimentos foram aumentando. O
primeiro diagnóstico foi dado pela médica de família: uma hérnia. Foi marcada
nova consulta para a minha mãe a 19 de Junho. Nesse tempo de espera a minha mãe
deixou de trabalhar porque tinha muita dor e dificuldade na locomoção.
Apesar disto tudo a minha mãe nunca
perdeu o sorriso e a força, mesmo no dia em que foi à consulta e recebeu o
diagnóstico de cancro. Ficou triste, desolada mas sempre disse que "o
caminho é para a frente, por isso vamos lutar". Cinco dias após a consulta
foi operada de urgência e removeram o tumor, mas não na totalidade (...). Foi
ganhando os movimentos com muita persistência e luta. Ela fazia a fisioterapia
com alegria, com vontade de viver e ainda motivando todos os colegas. Mas essa
falsa melhoria logo "caiu", o que restou do tumor cresceu e começou a
fazer radioterapia, não registando melhorias. O cancro tinha subido ao cérebro
e começou a perder a sanidade mental. Não tinha a alegria, a força e a vontade
de viver. Nos últimos dias apareceram várias pessoas que a minha mãe tinha
encorajado e nós vimos e sentimos toda a força que ela espalhou e percebemos
que, apesar de já nos terem dito que ela "ía embora", vimos que toda
aquela alegria e força tinha ficado espalhada em cada pessoa que com ela tinha
contactado, antes da doença mas principalmente nessa fase.
Por
isso, se a minha mãe morreu e ainda assim é uma vencedora, porque é que nós que
ficamos não poderemos lutar? Lutar pela própria vida é um dever que todo o ser
humano tem e, quando essa força falhar, lembre-se dos seus amigos, da sua
família, e que se os momentos que já viveu foram bons, imagine os que ainda
estão para vir! LUTE, FORÇA!
Adriana S.M -14 anos
O meu tio (a quem eu era muito
chegada) teve cancro do pulmão. A primeira vez, ele lutou e conseguiu vencer.
Mas acabou por voltar. Eu (antes de sabermos que tinha voltado) dizia-lhe para
ele deixar de fumar porque só lhe ia trazer problemas. Eu era uma criança mas
gostava tanto dele que me preocupava mais do que ele se preocupava com ele
mesmo! Ele nunca me ligou e eu, infelizmente, acabei por estar certa. O cancro
voltou e eu fiquei de rastos. Apesar de ele ter morrido (porque estava muito
avançado e ele tinha tido complicações), lutou com todas as forças contra a
doença uma vez mais. E nunca perdeu a esperança! Oiçam as pessoas que vos
querem bem, pois muitas vezes querem-vos ajudar! Nunca desistas e apoia-te
sempre nas pessoas que te querem bem! A esperança é a última a morrer e vocês
vão vencer a doença porque serão mais fortes que ela!
https://www.ligacontracancro.pt/testemunhos/testemunho/nome/adriana-s-m-141/
Leia este e muitos outros testemunhos em: Liga portuguesa contra o cancro
Testemunhos - Assista ao vídeo
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